terça-feira, 28 de maio de 2013

A poesia lírica de Castro Alves

Amar e Ser Amado

Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano,
Beijar teus lábios em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante, amado
Como um anjo feliz... que pensamento!?

(Castro Alves)

                  

A lírica de Castro Alves representou um avanço na tradição poética brasileira, por ter abandonado tanto o amor convencional e abstrato dos clássicos quanto o amor cheio  de medo e culpa dos românticos, embora sua lírica amorosa ainda apresentasse vestígios do amor platônico e da idealização da mulher, como no verso: "Nossas almas unidas,(...)". Suas obras apontavam para uma objetividade maior, prenunciando o realismo.

A representação da mulher em boa parte dos poemas de Castro Alves é de um ser corporificado e, mais que isso, participa ativamente do envolvimento amoroso como por exemplo, neste verso: "Beijar teus lábios em delírio insano."

No Brasil, desde a Constituição do Império havia a garantia da liberdade de expressão, o que foi preservado até a Constituição de 1937, época da criação dos poemas de Castro Alves. 

Os comportamentos político dos monarcas foram marcados pelo escrupuloso cumprimento da Constituição e das leis e pela garantia da liberdade de expressão. 

No Império do Brasil, a nação independente manteve o catolicismo como religião oficial e a Igreja Católica dependente do Estado, embora permitisse liberdade de culto doméstico ou particular. 

A igreja com sua influencia tradicionalista perante a sociedade da época, com dogmas e padrões sociais, como por exemplo, viver uma vida de castidade, eram característicos das relações entre os indivíduos do período. A sexualidade era um Tabu que ao longo dos anos veio sendo quebrado entre as famílias e as sociedades.

Logo, a idealização da mulher era posta a frente do desejo carnal, fazendo com que Castro Alves pudesse mostrar realmente a realidade e expressando os sentimentos sem preocupações, pois com a liberdade de expressão estava exercendo sua cidadania como artista e fundamentando ideais republicanos.

Fontes:

http://notassobrehistoria.blogspot.com.br/2008/02/religio-no-imprio-do-brasil.html
Livro Linguagens (port., lit. e red.)

Por Gabriel Gomes e Artur Lins

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